terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Adeus

Voltei para dizer adeus.
Não adeus ao negligenciado blog ou aos seus parcos leitores, mas adeus ao meu pai, que faleceu há 4 dias.
Adeus a um dos homens mais inteligentes e capazes que conheci, adeus a quem me deu a ética de trabalho que tenho, adeus a quem me mostrou a importância e o orgulho da nossa profissão, de tentarmos ser os melhores nela, de chegarmos ao fim do caminho com a cabeça erguida e o nariz empinado.
Adeus a quem não me reconhecia a inteligência mas me ensinou a usá-la, adeus a quem me abriu os olhos e os ouvidos para a História e as estórias, adeus a quem me emprestou os primeiros livros que li, adeus a quem me sujeitou a intermináveis horas de fado e com isso me deu a conhecer as canções e os fadistas que poucos na minha geração conhecem.
Adeus a quem será sempre credor de uma gratidão que receio nunca lhe ter mostrado em vida. Devo-lhe tão mais do que alguma vez pensei! Devo-lhe a forma como escrevo o M maiúsculo, a cor dos meus olhos, o mau génio e a exigência, a incapacidade de entender e respeitar tanta gente importante ou nem por isso, a voz alta e grossa, a auto-disciplina e a organização, a impaciência, o ter sido uma boa aluna, a professora e educadora que sou (por vezes, só para não ser igual a si...), o espírito crítico e sempre mordaz, o bem-estar económico, a insatisfação comigo mesma e com a maioria dos outros, o estar neste mundo olhando-o um bocadinho de cima, do alto das minhas asas e dos meus vôos de mocho...
A morte do meu pai é o fim de uma época, aquele ciclo durante o qual quem morre são os velhotes e estes são os nossos avós e não os nossos pais, aquele tempo em que alguém nos protege e não somos nós quem ampara os outros. Já ninguém cuida de mim e esse desamparo agride como nunca antes. O meu pai foi embora e não voltará. Com ele levou parte de quem eu sou e quase nunca reconheço, o pedacinho que eu mesma critico e renego, mas que está cá, constituinte de mim. Só lamento que ele tivesse ido sem saber, como os pais quase nunca sabem, o quanto os filhos lhes reconhecem e agradecem, mas quase nunca dizem.
Junto de Deus, espero que acolha os pensamentos das palavras que não ouviu, que oiça o obrigada que eu nunca disse e sinta o que não mostrei.
Adeus, pai, até ao céu.



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Existi, logo existo



História, estórias e algo mais.




É com o objectivo de partilhar que este espaço está a nascer. Mais do que as minhas opiniões (embora também por cá possam andar), gostaria que aqui estivessem materiais, links e tudo o que possa encorajar o gosto pelo passado, pela História como ciência e como disciplina e pelas estórias que compõem, ilustram, salgam e adoçam este nosso mundo.

Porque sem memória também não pode haver presente, este blogue é concebido para os meus alunos de hoje, mas é dedicado a todos os meus alunos de ontem e de sempre.